quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Contemplar

Foi em uma noite linda de inverno
Quando encontrei o seu belo sorriso
A primeira vez
Tamanha era a graça daquele anjo

As nuvens do seu ouro banharam meu ver tão graciosamente
Foste tão secreto o meu desejo de te amar tão fortemente
Sob o lúgubre da penúmbra de onde tu me tiras o chorar

Na pedra reluzente, onde tu repousas tua doçura
Nesta delicadeza tão acima, tão divina
Serias tu um sonho?
Talvez um ser que habita os quereres da minha alma
E como me ponho a dizer para ninguém
O valor das tuas asas e lábios

Óh anjo divino!
Do ouro dos teus cabelos
Do veludo que teus lábios vestem
Faça de mim teu protegido
Demasiadas vezes a penumbra da solidão
Tem me rasgado a alma sem compaixão

E mesmo que mudo
Meu gritar por tua presença é tão forte
Eu contemplo o vulto do que só posso ver

Partem-se os céus diante do teu sorrir
Tua mente, fonte tão rica
Como a minha vontade
De enrolar tuas asas em meus braços

Só peço que paire nas proximidades dos meus olhos
Se não posso contemplar tua mocidade
Se não posso contemplar teu voar e tua graça
Teu sorrir, teu pensar, tua doçura
Não vale a pena nada mais contemplar

terça-feira, 21 de setembro de 2010

The Death of the Brave

"Poema sobre o herói escocês William Wallace."

The Death of the Brave


Is it thou, my love, who wanderth in light?
Thou who cometh when day fadeth into night
Bearst my spirit to my forefathers’ hall
For out in the distant I hear them call

Is it thou who releaseth me from pain?
Though I am dying, I shall not die in vain
The sound of pipers echoeth in the land
For I have fought and not feared the near end

Whither hast gone thou, bender of the thistle?
Alas! I shall hear no more thy whistle
Farewell, breeze of the autuum’s dusky valley
For death approacheth and I leave thee sadly

Hath thy shadow grown, oh oak of the hill?
Beholding thy mighty image I stand still
My beloved land, at the gallows I lie
For freedom I claimed, the price was to die

Do ye, winds of the highlands, fly above?
Lead me forth to the arms of my dear love
At the threshold of death I feel thy clutch
For as the sun my heart blazeth at thy touch

Hath the winter's mist now covered my sight?
Thy gleaming fair green eyes now shine so bright
The time hath come as I fulfilled my part
For free was my soul and brave was my heart

domingo, 19 de setembro de 2010

Segunda Chance

Você dança em um mar descontentado
Pois não é de vosso agrado
As coisas que ostentam o desamparado
Dando-me de todos o mais pesado fardo

Neste mundo tão ríspido de prazeres e dizeres
Que se disperçam num gelar daquela carne tão crua
Pois há de chorar sem compreenderes
A morbidade que neste viver se situa

De mil pragas a lançar sobre aquele que ama
Entrelaçado o destino e a desgraça
Do construir, uma tão desgraçada fama
Sem poder reagir do destino a ameaça

Que errei e paguei, nenhum deus há de duvidar
Mas será justo o polido outrora não poder tentar?
Redimindo-se do erro que está a ele torturar
E poder dizer do jeito seu certo, o seu jeito de amar

Pois morreu aqui um sonho, de justiça e afago
Daquele que não soube falar, nem ser ouvido
Que condenado, a ser amargo
Onde podia, ser tão querido

Queria poder ser escutado
Por aqueles que os desejos atendem
Uma segunda chance, eu peço desesperado
Queria ser ouvido, pelos que me entendem

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O Dragão sob a Montanha

"Poema em métrica aliterativa-acentuada utilizada pelos sceopas (bardos) anglo-saxões."

O Dragão sob a Montanha

Sob a sombra da montanha, || serena a neve jazia
Sangue e cinzas ao chão, || o som do pranto se erguia
Fumaça e fogo aos céus, || a face do rei sem vida estava
Morte! Morte! Ao demônio alado, || em mágoa gritava um jovem
Parado em pé, || perante o horror que seus olhos viam
E o dragão desvanecendo no céu, || dirigía-se ao topo da montanha
Erguendo sua espada furioso, || ao encontro do verme correu
Montanha acima movia-se lentamente, || a morte lhe inflamava o coração
Avante avistou a grande besta, || alva como o branco à sua volta
O que buscas, criança? || Questionou o animal
Retornei com tua ruína, || respondeu o jovem
Vim vingar o meu povo, || verme assassino
Teu sangue será meu || e só então descansarei
Por que te precipitas? || Pediu o dragão
Tens certeza em sua busca? || Será correto o que procuras?
O monstro que queres matar, || não é aquele que morto está?
O animal que assolava esta terra, || não é aquele que queres vingar?
Sobre sangue e crueldade || seu povo reinou
E com medo e morte || manchou este lugar
Criaturas cruéis, || criminosos e assassinos
O destino os devolveu || a desolação que causaram
Mas a mesma morte que os cercava || mostra-se em teu olhar
Podes tu puní-los? Podes tu julgá-los? || Perguntou o jovem
Em silêncio subiu o dragão aos céus || sem responder tal indagação
Rapidamente retornando de onde viera || tal como repentinamente surgiu
E o jovem jazia ponderando || que julgamento o destino lhe traria

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Maldição Do Destino

"Bem, minha primeira postagem de um poema. Creio que devo fazê-la com um poema de cunho romântico, não é meu único estilo para escrever poemas, mas é um bem característico. Espero que gostem."


Maldição do Destino



Queria eu ser perfeito para te fazer sonhar sem parar
Botar-te em um rio de doçura posto na eternidade
Queria eu ser bom o bastante para te fazer sonhar
Sonhar com amor e cantigas de felicidade


Queria ser eu capaz de dizer-te coisas bonitas vindas da lua
Acariciar-te no banhar dos sonhos
Cantar-te dizeres de sábios, cantar da beleza tua
Cantar aos teus olhos, espantar os pensares medonhos


Queria eu ser capaz de poder- te abraçar e dizer que és minha
De parar de chorar quando digo teu nome ao escuro
De beijar tua face, tão delicadinha
De ser tua calma, teu porto seguro


Ó desgraça! Este destino que me pôs longe dos teus braços
Ó desgraça! Este destino que me tirou dos teus beijos
Deleita-me ao meu olhar teus traços
Sonhos constantes nos teus gracejos

Maldito destino que me tirou de você
 Um sorriso dele, ainda que não bastasse
Para em ter você, ele dizer que crê
Ó destino! Se desta maldição me tirasse

domingo, 12 de setembro de 2010

A Balada de Fearghail

"Conto ambientado na Irlanda medieval inspirado em lendas celtas e, principalmente, no livro Poems of Ossian, de James McPherson."

A Balada de Fearghail
Angiuli Copetti de Aguiar


Ó bardo que habita os salões de reis, empunhas a harpa ao invés da lança, entoa canções sobre guerras que nunca travou. Entre teu povo não é conhecido o nome de Fearghail, nem tão pouco sua bravura em batalha ou seu nome é renomado entre as canções. Traidor o chamam, mas da boca de seus inimigos ouviram sua história, ouçam, pois agora, a história de Fearghail Mag Uidhir, meu senhor, mais nobre guerreiro da terra da Irlanda.

O Sol resplandecia em sua fronte ante o campo de batalha. Seus cabelos brilhavam em chamas como o Sol do amanhecer e seu olhar se perdia no horizonte. Ali, sobre a colina de Emain Macha, trono da deusa da guerra, em frente a uma planície verdejante estava a figura de Fearghail. Admirava a beleza daqueles campos antes de serem manchados pela rubra cor do sangue. Fearghail Mag Uidhir, comandante de exércitos, general de Cormac Mac Airt, ard-ri da sagrada Terra de Ériu1.
Ante seu chamado exércitos se erguiam em batalha, sua espada era como um raio em meio à guerra e seu nome terror para seus inimigos. Como fogo descendo dos céus sua espada banhada em sangue rugia, seu escudo era como uma montanha, intransponível e imponente. Sua lança diziam ser a própria lança de Lugh, rugindo e flamejando, nunca se cansando de matar.

Ó nobre Fearghail que jaz no outro mundo, teu nome era renomado e sua bravura temida em batalha.

Avançou à frente de teu exército contra os ferozes guerreiros de além-mar, mais uma vez lutava pela defesa de tua gloriosa Irlanda. Um a um derrubava seus inimigos, como um ceifeiro às vésperas do inverno que colhe o trigo com pressa. Seus cabelos vermelhos tremulavam ao vento como línguas de fogo; não usava elmo, não temia a morte, pois preferia perecer na batalha a padecer moribundo em uma cama. Mas a morte não se encontrava na lâmina inimiga, e sim na sua própria, que tomava com rapidez a vida de quem se opusesse a ela.
Como demônios aqueles guerreiros de terras longínquas vinham à batalha com sede de sangue e vingança pelos companheiros mortos. Mas nenhum inimigo permanecia diante do temível Fearghail e nem sua disposição fraquejava. A noite veio cobrindo com um véu prateado o campo de morte.
Sobre aquele lago vermelho jazia o poderoso Allad, primo de Fearghail, valoroso entre os guerreiros, e também Flann, seu filho.

Quantos pais choraram à morte de seus filhos? E quantas mulheres choraram junto ao túmulo de seus maridos? Tu, ó bardo, que cantas a morte de heróis, mas não a morte de estranhos, não conheces tu o pranto ou a tristeza. Mas mais choraram as mulheres de nossos inimigos naquele dia, pois grande era seu número caído em nossos campos.

De entre todos os guerreiros então surgiu, altivo como um rei, imponente como um deus entre os mortais, envolto pela luz cinzenta do luar, Fearghail, com sua espada apontada ao rei escandinavo, e bradando em alta voz, fez silenciar todo o campo de batalha.
- Teu nome é conhecido entre teus inimigos, ó Egil, rei de Lochlin². Teus feitos são temidos e tua voz respeitada. Mas não encontrarás refugio na terra da Irlanda, pois os que aqui habitam a defenderão, e seu sangue será vingado. Lute comigo, ó Egil, ou fuja para sua terra para nunca mais voltar.
- Bravo tu és, nobre Fearghail, e renomado é teu nome. Tu és honrado, mas não o suficiente para lutar com um rei, mande vir Cormac e com ele lutarei. Pondo-se em frente a todo o exército, Fearghail replicou.
- Rei tu és, mas de terras distantes. Lute comigo, e talvez meu rei te recebas; venças, e te tornarás digno de pisar nesta terra; pereças, e teus guerreiros erguerão um memorial a ti aqui neste campo; fujas, e tua vida serás poupada. O que decides?
- Tu és insolente e falas como um rei. Hoje te encontrarás com teus ancestrais.
Os dois poderosos se ergueram em fúria, espada contra espada, sangue contra sangue. Como fogo e gelo lutaram, uma luta que a pena não se atreve a descrever.
Duas vezes Fearghail foi ferido, mas bastou um golpe contra Egil para o derrubá-lo e cortar-lhe o coração, fazendo seu sangue cair por terra junto ao sangue de seus guerreiros.
Ali naquele campo caiu Egil, rei de Lochlin, poderoso em batalha. Uma pedra foi erguida em seu memorial, e seus homens foram poupados, como havia jurado Fearghail.
Recebido foi então, o comandante de exércitos, por Cormac com uma festa em seus salões. Lá se encontravam os heróis da batalha: Brian, príncipe de Erin; Banno, o Valente; Connal, filho de Comhal, o irmão de Cormac, maior guerreiro dentre todos os soldados de Erin; e também ali estava Oengus, o Louro, filho de Fearghail, nobre como o pai, valente como um guerreiro da sagrada Irlanda.
A festa se espalhou. Os bardos cantavam em júbilo à batalha vencida, aos heróis que em glória retornaram e aos falecidos que nos campos de guerra ficaram. O nome de Fearghail foi exaltado em canções, canções e poemas já esquecidos, assim como a honra de seu nome.
Mas nem as canções entoadas, nem a glória alcançada, nem as honras recebidas o alegravam tanto quanto a presença de sua amada dama, vestida em fino linho, branco como o lírio da manhã, brilhando tal qual o belo âmbar; cabelos negros e pele alva como as negras asas de um corvo em meio à neve invernal; donzela de beleza altiva. As horas se passam, a noite se adentra levianamente, os bardos se cansam, o salão é deixado para os fantasmas de nossos antepassados, as luzes se apagam e o silêncio reina supremo e incontestável sob a luz do luar.

-Caiu Cormac. Caiu Cormac Mac Airt. Caiu o rei de nossa Irlanda. Caiu nossa Irlanda.
O mais nobre dentre os nobres, rei de todos os reis; jaz agora Cormac no campo da batalha. – Quem haverá agora de governar? Quem haverá de ser tão sábio e poderoso quanto o sábio e poderoso Cormac? Caiu, caiu. Caiu nosso rei – gritavam e lamentavam os homens que ali permaneciam, lutando e protegendo o corpo de seu senhor.
De distantes terras voltaram os furiosos guerreiros de Egil. Com ódio e fúria em seus corações, clamando por vingança, liderados por seu agora rei Adil, filho de Egil. Emboscaram e atacaram, para Tara Cormac não mais voltaria.
Densa névoa o seguia, de Armagh o rei partira; valiosos soldados o guardavam, em seus cavalos pardos cavalgavam. Dentre as árvores surgiu: uma seta traiçoeira encontrando seu alvo, e ali Cormac caiu.
O silêncio tomou conta do momento: os homens se viram petrificados, o sangue lhes fugiu das faces e suas almas congelaram; um tremor se apoderou de seus corpos e a tristeza pela morte de seu amado rei lhes inflamou os corações e as espadas, engajando em uma luta desesperada.
Um a um os guerreiros irlandeses caíram, até o último homem permanecer de pé, Connal, sobrinho de seu falecido senhor, a quem mais doera a perda; barbas longas e rosto marcado pelo tempo e pelas batalhas, agora triste e desolado, subjugado pelo inimigo.
- Mate-me! Mate-me! – gritava o guerreiro. Mate-me tu e tua corja de animais, rei de cães e desonrados. Aqui desembarcaram, mas aqui não ficarão, pois os que defendem esta terra se vingarão, e sua fúria será tão poderosa que seus deuses a temerão.
- Não te matarei – replicou-lhe Adil -, pouparam nossos guerreiros e eu te pouparei. Nos entregaram o corpo de nosso rei e nós lhe devolveremos o seu. Toma agora um cavalo e parte para teus senhores, entrega-lhes o corpo de Cormac e anuncia queda de tua terra. Escondam-se em suas casas e meu exército passará por suas cidades como o vento em meio a uma viela, mas busquem vingança e nem a tempestade do mar será tão devastadora quanto os guerreiros do gelo.
Tomando o cavalo de Cormac chegou a nós, mensageiro da morte em um cavalo branco. O pranto tomou conta de todos os salões, uma maldição tomou nossa terra, um silêncio tomou o coração de todos.
A densa névoa de morte se mesclava com uma chuva fina e lapidante, a pira funerária do rei se erguia majestosa sobre a colina de Tara, majestosa como os feitos daquele que ali repousava e que um dia ali governara, o último leito do grande rei Cormac Mac Airt. Sua alma seria recebida em glória por seus antepassados no Outro Mundo. Os bardos cantavam, canções tristes e canções alegres, de recordação e de pranto; e também cantou Fearghail, e todos ali presentes cantaram por seu amado rei e pelo triste destino de nossa Irlanda.

-Quem há de lutar por uma terra perdida? – ecoa a voz dos traidores.
- Incontáveis são nossos inimigos – ecoa a voz dos fracos.
- A vitória só será alcançada se lutarmos em sua esperança – ecoa a voz dos que ainda lutam.
- Por nossa terra lutaremos em detrimento da liberdade – se ergue a voz de Fearghail, imperiosa como a luz na escuridão.
- Uma luta perdida sim lutaremos – a voz dos covardes se exalta.
- Mas ainda assim lutaremos – retrucou-lhes Fearghail -, e se morrer devemos, em honra e glória partiremos. O Sol ainda brilha em nosso céu e a esperança repousa em nosso campo, os covardes podem ficar, mas os bravos hão de guerrear.
E para a guerra partiu o nobre Fearghail, e também Connal, e Oengus, e Brian e Banno, e todos os guerreiros valentes, com coragem para travar uma luta desigual e perdida com os invasores e sacrificar até o último homem para defender sua terra. Vós, covardes, que em suas casa ficaram, temendo a morte ao invés de marcharem para a batalha, vós chamais Fearghail de traidor por não se subjugar a reis estrangeiros, por não partilhar de seus temores, por ser forte e honrado até o fim.
O inimigo foi divisado no horizonte. Um horizonte cinza e melancólico, sem esperança para quem para lá marchava. Fearghail parou. As lanças do exército de Lochlin eram como uma floresta, manchada de sangue e ódio.
Avante dos dois exércitos iam seus comandantes, Fearghail e Adil, se encontrando no centro da planície.
- Parte. Parte agora Adil, pois teu destino é o mesmo de teu pai e teu exército não será poupado. Nosso acordo foi quebrado e minha fúria pouco cabe em meu coração; Nosso rei foi morto de maneira traiçoeira, como um animal da floresta, caçado covardemente.
- A morte de meu pai será vingada, em vermelho tua terra verde se tornará. Fuja com o resto de teu povo, Fearghail, e poupe sua vida por mais um dia, ou jogue suas armas aos meus pés e jure fidelidade a mim Adil, rei da Escandinávia, e seu povo será poupado, mas não tu Fearghail: não tu em cujas mãos foi derramado o sangue de Egil.
- Não sou um rei para decidir o destino de meu povo, nem um covarde para abandonar aqueles que amo, tampouco escolho a morte para outros que não eu; quem me segue vai de encontro à morte certa, mas também à liberdade que por hoje lutam. Sou sim um guerreiro, e hoje morreremos, talvez julgados como traidores e geradores de desgraça de nosso povo, mas ainda assim tombaremos em defesa do que nos é caro.
- Então que assim seja. Hoje terei tua cabeça e a cabeça de cada um que tu proteges.
Cada um voltou à frente de seus exércitos. Como um trovão em meio aos montes marcharam, e como dois mares se encontraram, fazendo a terra tremer a seus pés.
Apesar de esquecidos, hoje venho a exaltá-los e dar-lhes um merecido réquiem. Quem lutaria uma batalha perdida, se não nós, filhos da Irlanda?
Ainda que em maior número, nossos inimigos foram fracos e em nossos escudos havia seu sangue. Fearghail lutava à frente de todos, intocável e resplandecente, nobre e valoroso até o fim de seus dias. Adil havia se posto contra Oengus, suas forças se equivaliam, mas sua luta fora breve.
Oengus tombou com um corte em seu peito, triste fim de um grande guerreiro, filho honrado de Fearghail, que sobre seu corpo chorou. Seu coração se encheu de lágrimas e uma tristeza profunda lhe abateu, nada mais à sua volta importava.
Em ódio se ergueu, gritando aos céus e amaldiçoando o nome de Adil, correndo em sua direção o atacou, dando início a uma luta tão terrível que todo o campo se silenciou ante a fúria de seus comandantes, senhores dos guerreiros que ali estavam.
O tempo pareceu ter parado quando sua espada haviam se encontrado e longo fora o duelo ali travado. Ninguém avançou, ninguém recuou, como dois montes imponentes e imóveis.
Em um golpe certeiro Fearghail desarmou o jovem rei, e como nobre guerreiro, ó maldita fama que foi sua ruína, a luta parou. Porém traiçoeiro qual uma serpente, Adil, armando-se de um punhal escondido, sobre nosso amado general se atirou, ferindo-lhe seu peito. E Fearghail, tomado de surpresa também acertara-lhe o coração, caindo Adil de rosto ao chão e Fearghail de joelhos, morrendo assim mesmo, resgatado por Connal, não tocando o mesmo solo em que morreram seus inimigos.
Uma tristeza se caiu sobre toda a Irlanda, mais profunda que o silêncio da noite. Um trovão rasgou o firmamento na hora em que Fearghail morrera, e o céu se tornou escuro por alguns instantes, acompanhando o sentimento da terra que perdia seu mais valoroso guerreiro.
A batalha teve início novamente, ambos os lados abalados pela perda de seus senhores, porém enquanto os homens de Lochlin estavam assustados e chocados, nosso amor por Fearghail nos deu nova força contra o inimigo, nos impelindo em uma onda destruidora como o mar contra a areia da praia, e a vitória ascendeu em glória sobre nossos campos.
A natureza parecia chorar sua morte. As lágrimas dos céus e dos homens se fundiam em tristeza pela morte dos que ali jaziam: Brian não mais reinaria, encontrara seu pai novamente tão cedo; Oengus, de morte gloriosa contra o inimigo de sua terra, e todos os outros valorosos guerreiros que morreram defendendo nossa Irlanda, que tu, ó bardo, habita hoje em liberdade e que despreza aqueles que morreram para te defender. Mas mais choramos por Fearghail, aquele que nos guiou e nos comandou, honrado e valente até o fim de sua vida, maior guerreiro que pisou nesta terra.
E no local em que seu corpo foi queimado sobre uma pira de carvalho, entre as cinzas uma rocha fora erguida em sua homenagem, e nela dizia:

Aqui jáz Fearghail, filho de Finn
Guerreiro valente e de alma honrosa
Filho da gloriosa terra de Erin

-
1. Nome do qual descende o atual nome da Irlanda: Terra de Ériu, ou Terra de Eire (Ireland).
2. Nome gaélico para a Escandinávia.

Nosso Povo

Olhai quem somos nós, o homem. Somos um alguém que não sabe quem é, mas sabe quem não é. Com certeza não somos seres felizes, olhamos para o horizonte, pensando em fim, rezamos e imploramos à criações nossas, nos rebaixamos àquilo que nós mesmos criamos, e nos damos ao luxo de retrair cada veneno longe dos nosso paladares, ao invés de fazer deles o nosso remédio.
Somos um povo abatido, choramos por causas pífias e festejamos migalhas, temos pavor das flores e do cheiro da grama molhada, medo de um arco-íris e do gosto da liberdade. Gastamos nossas horas e vidas combatendo aquilo que dorme ao nosso lado. Somos sim, um povo abatido, seres de penúmbras e planices lúgubres.
Rimos do tédio, sorrimos do baixo, mas não sabemos sorrir do nosso baixo. Nos deleitamos em leitos venenosos e colocamos o veneno na boca amor. Quem me dera que o amor falasse, quem me dera cada amor mal profanado, mal compreendido pudesse impunhar lanças e nos devolver esse veneno em sangue.
Somos de fato, um povo abatido, e felizmente, um povo deveras curioso. De tão flexível nossos campos, a doçura brotou tímida pelos plantares de uns e outros. O desejo por liberdade e o amor pelas coisas belas nos visita em certas ocasiões, e diria eu que disso saiu o verdadeiro homem, a quem chamo um verdadeiro homem. Quem pregou amor pela vida e danças sob a lua, o beijo do vento e abraço da árvore. Senhores e amigos daquilo que criam.
Somos de fato, um povo abatido, mas hemos nós de aprender abraçar a liberdade como os professores destas terras. Somos um povo, diria eu, em despertar, o querer maior daquilo que outro povo outrora não quis, somos um povo abatido, mas nosso povo ainda não nasceu.

Primeira Postagem

Bem...
Primeira postagem, creio que seja bom um cumprimento e um agradecimento.
Saudações a todos que irão ler o meu blog, seguir elogiar e criticar, espero que estes sejam muitos e obviamente mais elogios que críticas.
Meus agradecimentos ao meu irmão de internet Angiuli, e à minha amiga Ana que tanto insistiu para criar este blog e de acordo com ela, minha fã número um.
Espero que daqui pra frente a criatividade venha à tona, à mim e ao Angiuli.

Àqueles que ainda estão por vir, os saúdo.

Obrigado