Primeira Aurora
Bela é a purpúrea aurora em queda.
Meus olhos cerram em alegria e vejo,
Calada quimera que me segreda
Augúrios áureos de febril desejo.
Revolvem-se ao fim as escuras vagas
Embebedo-me em tuas fulvas águas,
Oceano que meu navio naufragas
Em ondas de euforias e de mágoas
Veja! a gota ao chão já se despedaça!
As asas, minha alma livre estende,
E o além sublime com alvura enlaça:
Com gentil graça, estes ferros fende.
Cintila ao ar o cálice quebrado.
Devoram os ventos a luz fulgente
Que parte desta terra devastada,
E ao Letes imerge em sua corrente.