quinta-feira, 9 de agosto de 2012

À Tumba de Minha Esfinge

Desperto ao ver o turvo céu que cinge
De escura luz e celestial incenso
A oculta tumba do deserto extenso,
A incerta lápide de minha esfinge.

Misterioso espírito que finge!
As puras águas, de um rubor mais denso
Que o sangue sobre o mortuário lenço,
O escárnio de teus tenros lábios tinge.

Desperta, ó Dúvida, e me devora!
Esquífe aberto ao mistério eterno!
Teu sangue saberá à nova aurora,

Teus olhos saberão ao velho inferno!
Ainda escreve ao epitáfio um verso,
E ali vagueio em sua voz imerso.

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