segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Distração



Quanto tempo tem um momento
Que se olha e não se para nunca mais?
Quão forte é aquele sentimento
Que te força, discreto, olhar pra trás?

E se o sorriso não surge. Calado
Se o movimento é breve, intocável
Permanece surdo, ou intocado
Permeias-te os olhos, é amável

Roubando qualquer atenção, quente
Correndo lento, suspirando alto, brando
Nada disso se explica, só se sente
Sem certeza se só tonto, ou amando

A mão que percorre o cabelo faz poesia
Cada movimento, em arte imerso
Do olhar singelo, se faz cantoria
Do teu jeito doce, eu fiz um verso

Ondas, tantas ondas se dispersando
Tanto respirar, fulgores ardentes
Tudo breve, logo emancipando
Sempre iguais, igualmente diferentes

A quietude tímida e singela, astral
Que mostras no sorriso fechado
É algo de princípio, algo anormal
Que demonstra carinho, notado

Quão tímidos podem os olhos ser
Se diante deles me posto, cálido
Vagam lentos, calmos, mas a ver
O que pensa deste meu rosto pálido

E os lábios tais, pulsa meu coração
Frenético, mesmo sem tanta certeza
Se real, engano, ou uma linda ilusão
Os traços leves, desta linda princesa

Nenhum comentário:

Postar um comentário