Vagava à sombra e minha sombra ao sol;
Perguntei: "por que é a luz que tua via
Traças se és noite e a noite foge ao dia?"
Solene, respondeu-me: "porque sou;
E apenas assim sou, por que amou
Aquilo que eu era o que eu seria;
Pois o cálido dia, à noite fria,
No ardor do enlevo álgido, esposou.
À manhã sigo sobre o que já foras;
À tarde vago sobre o que serás;
À noite estou em ti e em mim estás.
Sou-te e tu és-me sob o andar das horas.
Ao meio-dia, quando as sombras somem,
Resta fúlgida tua essência: o Homem."
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