domingo, 1 de dezembro de 2013

Paraíso Reconquistado

O verde sobre o qual te assentas
Gotejou das folhas que te cobrem,
Folhas da árvore em que te recostas,
Mãe do inviolado fruto revigorado
Que tuas mãos graciosamente cuidam
E intrigados olhos inquirem
Qual sangue há concedido
O rubor que se reflete em seu candor.
Pode primeiro esta iridiscência
Ter doado a cor de nosso sange?
Pode a maculada seara de Cain
Conceber a semente desta sombra?
Que são estas ramas? São?
Não colhera o verdor do chão,
Apregoara-lhe no céu e te esquecera?
Firmara ressequidos galhos nesta árvore
Com a inconsciente violência de uma imaginação ingênua?
Soergueu esta mesma árvore morta por repouso
E engendrou em olhos enclausurados
Verdejantes vícios visionários?
Deixe que o roçar desta casca áspera
Reconduza o horror a tua pele
E o calor da areia corroa o sono de teus pés.
Teu dormir é um presságio de uma morte eterna.
Desperta: a miragem do deserto é teu desejo;
Segue-a.


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