A neblina que é solitária
adora me visitar,
Mesmo quando estou parado
esperando um sol.
As incontáveis vezes que
dormi faminto
Ou encharcado de saudades
e desejos
Nunca compensaram os dias
de companhia.
Não sei bem de quem, algo
muito superficial.
A cerveja parece sempre
mais quente, o cigarro mais vagabundo,
A grama menos verde, com
perdão do clichê horrível.
Shakespeare parece piadas
ruins de boteco
E Vivaldi parece rangido
de giz no quadro negro
Ou um gato torturado com
lâminas mal afiadas.
Ás vezes dá uma vontade de
esquecer tudo
De aprender tudo de novo,
como a ingênua criança
Que ainda não vê o câncer
do mundo.
Todo dia aprendo a mesma
coisa, a mesma pauta, a mesma lição
Que esqueço todo dia
quando ironicamente esboço um sorriso.
A vontade de construir um
reino com as próprias mãos
E a lição de não se erguer
um mero tijolo, do mais leve.
Maior inimigo é o espelho,
tanto o que mente quanto o que revela.
O gosto de amargo no final
da vida é sempre o mesmo.
Sempre acabo indo dormir
cedo
Depois que a televisão
enjoa de mim.
Já ouvi que uns negaram a
melancolia, talvez estejam certos,
Ou estão olhando o espelho
errado, como eu
Quando gastei muito tempo
enxergando anjos brincando nas campinas.
Para terminar essa putrefação
tanto de espírito quanto de arte
Deixe-me, por favor, só
essa vez, rimar.
Dessa lama, o nobre e o
verme, qualquer um faz parte
E eu como verme, aprendi
onde é meu lugar.
"Maior inimigo é o espelho" Meu também. UIAHUahahaha...
ResponderExcluirBelo poema, não saco muito de poema, mas flui muito bem.
Admiro você.
ResponderExcluirTens o meu respeito. Belo poema, meu caro.
É, Ryan, isto é ótimo, uma boa construção. Muito bom excerto...
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