Ela apoiou o rosto no meu, levemente
E me olhou nos olhos, dizendo-me
E explicando-me, calmamente
Os versos de uma canção deprimente.
Toquei sua nuca, o cabelo macio
E sedoso por entre meus dedos,
E a poesia me ardendo profundamente
Nos lábios e no meu peito ardente.
Beijei-a de leve, tudo ia devagar
Como se o tempo, pudesse esperar.
A nossa volta o mundo girava
E nossas bocas, somente dançavam.
Diante de nós o céu laranja, imortal
Figura celeste das nossas imperfeições.
A cidade, amolecida e decrépita gemia
E nossas almas, ignoravam, apenas.
Dias seguiram e o agouro chegou.
No mesmo banco eu de novo choro,
Dessa vez sem rosto de apoio, solitário
Meu choro, sem lábio de cura, sem nada.
O rosto dela que foi embora me chamava,
Gritava por socorro, queria meu abraço.
Mal sabia minha pobre alma desfalecida
Que havia sido enganada pela saudade.
O vento ainda ressoa, mesmo que mudo agora,
E o céu laranja ainda reina, mesmo que pálido,
E as palavras dela ainda vagam minha memória.
“Você está errado, meu amor, eu vou embora”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário