quinta-feira, 18 de abril de 2013

Como eu li o Poeminha do Contra


A todos vocês de alma perdida
Que tentam me tirar moral:
Sua arte será esquecida,
A minha será imortal.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

A Torre

Aquela velha torre em mim perdura:
Com sua rocha ao tempo indiferente
E rija, enquanto em derredor, fremente,
A corroída e rude terra endura.

Estéril terra: enquanto ainda dura
Meu tempo, penso nesta fera gente
Que rasga e rói meu corpo ferozmente
E ignora que esta torre em mim perdura.

Ao céu anseia e alça seus pilares,
E ao sol que põe, seu cimo resplandece.
Porém eu sei - decrépitos altares -

Também estéril é aquela torre,
Que brota e cresce insólita e escarnece
De tudo que em mim cresce, sonha e morre.


terça-feira, 9 de abril de 2013

On Inspiration

Coleridge had his visions;
Yeats had his ghosts;
I have but the ilusion
That life is yet not lost.

O Monstro Cruel


Outrora distante, como conta uma lenda,
Uma criatura assustadora se ergueu.
Tão cruel, aprisionava a todos na fenda
Da montanha fria, funda, de onde apareceu.

Jamais algo tão violento se conheceu,
Mesmo o bravo guerreiro que a espada brilhou
Mirando o monstro. Bradando, não estremeceu,
Pronto para a batalha que ele provocou.

Durante o combate, o herói triunfou.
A máscara do monstro havia se quebrado,
Revelando seu rosto triste, que chorou.
Marcas profundas de seu amargo passado.

E fugiu correndo o tal monstro, derrotado.
Logo o guerreiro, pensativo, percebeu:
Aonde o desamor fora (sutil) plantado,
Também a crueldade, de pronto nasceu.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Meu Anjo



É tamanha intensidade,
Pulso interno que corrói.
Produto desta saudade,
Que por dentro tanto dói.

Sei que você desconhece
Esse motivo de pranto.
É só meu, não transparece.
E se perde em todo canto.

Tu, minha musa, meu anjo.
Que vive no meu pensar,
Esse meu tal desarranjo,

Se por ti eu for lembrar
Que seja um rearranjo
Pois sem você, irei chorar.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Lines Written on Imitation of Yeats

When I am old I will have known
Of all there is of art and song.

Then I will cry, when I be done,
For I forgot my heart was young.

Diálogo entre Ser e Sombra

Vagava à sombra e minha sombra ao sol;
Perguntei: "por que é a luz que tua via
Traças se és noite e a noite foge ao dia?"
Solene, respondeu-me: "porque sou;

E apenas assim sou, por que amou
Aquilo que eu era o que eu seria;
Pois o cálido dia, à noite fria,
No ardor do enlevo álgido, esposou.

À manhã sigo sobre o que já foras;
À tarde vago sobre o que serás;
À noite estou em ti e em mim estás.

Sou-te e tu és-me sob o andar das horas.
Ao meio-dia, quando as sombras somem,
Resta fúlgida tua essência: o Homem."

O Sorriso do Artista


O Artista adorava sorrisos, escrevia
Sobre como gostava de sorrir.
Se estava triste, somente sorria,
Era sua arte, seu ofício de sentir.

Escrevia sobre prazeres e cantos,
Sobre tudo que sabia e sobre nada.
Tantos eram seus ais, seus encantos,
Que cheio de sorrir a todos contava:

“Vale mais na vida perder o ar
Para ver o Sol lento se pôr,
Que se arrepender de amar
E não saber se seria siso ou dor.”

Mas o concreto o engoliu, subitamente
O Artista não agrada mais, e já não come.
A sua arte, tremenda, das valas da mente,
Foi devagar sendo vencida pela força da fome.

Hoje o Artista mudou, tornou-se dentista.
Vê sorrisos o dia inteiro, muitos eram tais.
Com a frase na parede: “Nunca desista”.
Mas o Artista, não sorriu. Nunca mais.