terça-feira, 27 de março de 2012

The Wake


The Wake

Fear the silent bell. I’ve grown pale and weak
From its voiceless swell that tolls in my mind
Calling to wake, calling to wake. It’s bleak
To walk by a motionless ocean and find
No kind wind to gently wave its way unheard.
I’ve grown tired of thinking and disbelief.
The bell hasn’t tolled , and neither a word
Have I told him. But, although our talk brief
Can be, much I’ve learned to fear to see
And much I’ve feared seeing what I’ve seen
There’s nothing in the world I wish to be.
There’s no beauty in being what I’ve been.
Perhaps to be a bird, who sings at night,
When Death is asleep, and is an uncertain
Dream for those woken by his unseen flight,
Or perhaps the wind, to wave the curtain
Of the sea, to blow the leaves away,
To once more toll the steady bell to call
My soul, and to lead it on its own way
To wake, to wake: it’s my own funeral.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Imortalidade


 Imortalidade

E dolorosamente, sinto o fino pó correr entre meus dedos
E desesperadamente apenas observo, envolto em medos
Imóvel, impotente – prepotente estátua de areia
Não de rocha, eterna, mas frágil e passageira

Ergo-me solitário em uma terra devastada
Pelo vento incessante que em sussurros mudos brada
Os desígnios desconhecidos do céu e do mar
Distantes que a ninguém é permitido tocar

Quisera eu meu espírito de pedra fosse feito
E a brisa suave não rasgasse meu peito
Mas a rocha é destinada a deuses e estórias
Sem fim, sem formas – imponentes memórias

Sei que quando me for soprado este último grão
Tudo que fui estará esquecido, espalhado ao chão
Sei que temo que tornarei a ser jamais
Pois temo saber que o que agora existe
Não existe mais
Eu fui por inferno, cantei com esmero
E mesmo assim me neguei

Eu fui eterno, meu anjo interno
E ainda demônio me tornei


Eu vi a tempestade andando
No alto véu que cortou a noite
Chorei sozinho, perdi meu caminho
Casei com a dor e beijei o açoite

E me desculpe, querido Drummond
Mas rima é sim solução
Se não para os sonhos ou para os amores
Consola quem dança com a solidão

Se ainda dançasse com mil virgens
Ainda seria um salafrário
Se ainda deitasse com mil mulheres
Ainda seria um amante solitário
Eu ainda tenho a mania besta
de me importar com todo mundo
Todos toscos aleijados, monstros amparados
E eu sem as duas pernas praguejando

E eu, esse arauto errante
Nem herói, muito menos amante
Fazendo cara feia, olhando no
espelho, mesmo não sabendo
ou talvez, fingindo não saber

Os humildes viam as pernas
brancas, pretas e amarelas
Já eu, caro mestre, vi as caras
Feias, horríveis e horripilantes
Falsas, cansadas ou mentirosas

Eu cansei de rimas, ou me minto
Penso que meto medo, mas talvez
seja apenas feio, ou vejo essas
coisas aonde não devia

Eu tento sempre chegar ao novo
E sempre vou dormir sonhando que sim
Talvez sim, talvez não seja possível, ou
talvez penso em coisas que não devia

FALA

Se eu falo, ele fala
Se ele fala, eu já falei?
Há nessa fala mais fala
Se aquilo eu já sei?

Ele fala o que eu falo
O que eu falo, é um conceito
E “nóis fala”, não?
Aí é preconceito

Todo mundo sabe que fala
Fala mesmo, fala sem ver
Eu vivo pra falar
E falo pra viver

Vai falando, vai
Faz teu mundo, vai falando
É sério, vai gostar
E teu mundo vai criando

Se invento, é novo ou velho?
Não vem, que não é tão normal
O que é novo, o que é invenção
Se nada é exceção e nada é formal?

Fala direito, moleque!
Eu falo errado não
Corrija essa fala, garoto
Isso é coisa de velho, “mermão”