domingo, 28 de novembro de 2010

The Pathless Road

The Pathless Road

Down the road I wander pathless
Walking aimless seeking the way
Through the brae and the meadow
Hearing the echo of the silence
Without guidance or blind fear
I will sheer blithely again
From the lane to a wider road
Giving goad to my willful soul
I will stroll `till I reach the shore
Where in mighty roar, freedom lies

sábado, 27 de novembro de 2010

Rapture

Rapture

Who knows the demon that in yell and light
        Rides the sky in the stormy night?
Whose spirit was never enraptured
        And whose soul was never captured
By the whimper and the gloom
        Of the lost in their mourning doom?
By the hiss that trembles the air
        And the muttered words its moaning bear

Lonesome and terrifying aeons fly
        Grisly grim shadows lurking nigh
Engulfing, whispering, rising
        Spirits calling, spirits crying
Stirred standing stately still
        Chocked by the stormy wind chill
And the raging freedom bursting inside
        Release the soul formerly tied

O`er the timeless and shapeless field
        All the world ruined and peeled
O`er the titans` mighty wrath
        And the gods` silken path
O`er the muses` harsh tears
        All men shiver in ghastly fears
For they know, deep in their core
        They shall feel it, nevermore

Poema em Dueto

The Golden Frog

In the path that goes down the road
I saw walking, a little toad
With his mouth full of gold
Wasn't money, but a secret he told

He made me see things I haven't before
He uttered about things of yore
And me, naive, cried, “My poor core!”
Shall my past leave me nevermore?

I ran as far as I could go
With my demons seeking my soul
I searched high and low
Everyplace the wind can blow

But the toad, found me once more
And revealed my soul`s hidden lore
That I saw, at my soul's shore
There, just at my fore

Was the answer to all my fear
I see my purpose, now and here
I should go searching for my dear
Or for a fine glass of beer

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Limiar

Limiar

Por imemoráveis anos tenho estado nesta mansão lúgubre. Nesta cela. Neste leito. Esperando por minha derradeira hora, me escondendo de criaturas que habitam esta casa enquanto minha sanidade se consome vagarosamente, como o óleo que mantém a tímida chama da lamparina à minha frente, que em vão tenta se opor à escuridão que se acerca à minha volta.

Reclino-me sobre minha velha escrivaninha, antes vigorosa e resistente, agora consumida por insetos e desgastada pelo tempo, esquecida em um canto escuro e afastado. Após tanto tempo evitando-a, reclino-me novamente sobre ela.

Tomo uma folha qualquer, roída por traças, procurando encontrar descanso aos meus pensamentos. Embebedo a fina ponta de minha pena no tinteiro, o líquido escorre delicadamente como meu sangue em minhas veias: negro e relutante.

Escrevo.

De minha inocente infância à minha sórdida velhice, preencho cada espaço em branco com todos os detalhes que minha mente me concede a permissão de lembrar, tornando negra aquela folha outrora alva com meu sangue amargo, aliviando meu espírito daquelas lembranças malditas.

Escrevo.

Escrevo até que o manuscrito se torne apenas um borrão indecifrável, tornando-o o novo receptáculo das memórias que minha mente já repudia.
Guardo minhas lembranças em uma gaveta e deixo-as ali, para que quando aquela casa retorne ao pó, que elas se tornem pó junto a ela. Que retornem ao nada e ao oblívio, ao vazio e ao olvido.
Tomo a lamparina em minhas mãos, coloco-me em pé com dificuldade e me arrasto até a porta, ouvindo o longínquo e próximo murmúrio agonizante de criaturas abomináveis e inomináveis.

Familiares.

Cada passo dado, vagaroso e cuidadoso, evitando que algo indesejável se acorde de seu profundo sono, se traduz no tenebroso ranger do assoalho. A lamparina que carrego, meu único sinal de esperança e lucidez em meio àquela funesta sombra que me engolfa, derrama seu óleo incandescente sobre o chão, e em meu coração clamo aos céus para que as chamas se alastrem e ponham um fim nesta terrível agonia e que os misericordiosos ventos dispersem os últimos vestígios deste maligno, detestável e desprezível lugar.

Em vão.

Faço meu caminho por corredores, salas, câmaras e antros; eu sei por onde devo seguir, eu sei para onde devo ir. Já estive próximo à saída, porém recusei seu convite, a casa me era mais reconfortante; mas agora que o fim se aproxima, tenho medo do remorso que sinto e remorso do medo que senti.

Logo à frente diviso um vulto pálido e disforme em meio às sombras, se arrastando sem rumo, como uma vaga lembrança que viaja pelos corredores da mente sem encontrar quem lhe convoca, e o dono daquela casa, sem conhecer o motivo da repentina visita, se esconde até que o convidado indesejado se vá, e assim possa retomar seu caminho, ainda que perdido sem o amor da doce Ariadne.

O horror toma minha alma, e o medo insano que incendeia meu espírito se confunde com a dor que sinto ao apagar a lamparina com meus próprios dedos desnudos, fechando-se em torno do pavio ao ponto de lograr sentir o cheiro de minha própria carne queimada.

Apenas alucinações.

(Apenas alucinações?)
Fecho meus olhos como uma criança que em sonhos vãos espera que a escuridão de sua alma lhe proteja da realidade. Ah!, inocência de minha doce infância: inocência que julgo ter carregado por toda minha vida.

Amarga vida.

Em minha própria escuridão sou atormentado por demônios que me atacam incessantemente, me inquirindo, me questionando sobre minhas ações passadas. Não suporto a agonia e abro os olhos novamente. Apenas escuridão e sonhos.

Chronos, pai de deuses e demônios.

Torno a caminhar. Sussurros distantes e indecifráveis me indicam que ultrapassei a algum tempo a fronteira da sanidade e agora caminho pelos verdes campos distorcidos da loucura, onde espero encontrar finalmente uma fonte que me sacie a sede que a travessia do deserto da realidade provocou.

Chego em frente à escada que me conduz abaixo, ao salão principal. Hesito. A idéia de deixar este lugar me agrada e me destrói. Por tanto tempo estive abraçado pelo calor maternal de suas paredes, estive em seu ventre desde seu crepúsculo iluminado.

Lentamente transformado em trevas.

Recuso-me a deixá-la. Mas suas acomodações outrora reconfortantes agora se mostram aterradoras e sufocantes. Como um animal moribundo em seus últimos espasmos, minha mente se contorce perante o dilema agonizante.

Caminho.

A cada degrau imensurável que minha alma transpõem, meu medo perante a perspectiva de encontrar o Desconhecido para além daquelas portas me faz vacilar e caminhar à sincronia vagarosa do infinito. A chama trêmula de minha lamparina cria sombras bruxuleantes que dançam em um ritmo ensandecido e inconstante sobre o chão de madeira enegrecida. Diviso formas conhecidas que escapam de minha mente e se juntam a outras criaturas em um ritual onírico, reunidas para conjurar o demônio que dorme profundamente por trás da minha consciência a fim de que ele tome controle deste invólucro terreno.

Mas resisto.

Assim que meus pés tocam o terreno antes habitado pelas sombras, que fogem em uma debandada louca perante à chegada da luz que as criou, meu corpo se contorce em convulsões diabólicas e meus sentidos turvam-se ao ponto mútuo em que sanidade e insanidade se interpelam, a confluência entre o divino e o infernal. O último clamor relutante daquela casa.

Torno a caminhar, andando em passos distorcidos, conduzido por uma melodia transcendental. Logo à frente observo os delicados raios de luz que atravessam o vão da porta deste cárcere: minha alma. Luz sublime que preenche meu espírito de uma paz etérea. Liberdade.

Sinto-me fraco. Minhas mãos tremem.

Ato final do destino?

A lamparina cai.

O óleo se esvai.

A chama se apaga.