sábado, 21 de junho de 2014

Noite de Névoa

Em noites como esta, quando o silencio é só
E a rua turva com a névoa empresta aos postes
Um claro fosco de sonhos esquecidos,
Ponho-me à janela, cachimbo em mãos como luneta,
A entrever no espelho baço da cidade
Algum sinal de vidro iluminado,
Ou sombra vagueando o espaço indefinido,
Como se dormisse algures este alguém que pensa
E logo ali estivesse a realidade.


terça-feira, 17 de junho de 2014

Espelho d'Água

Meu toque é falso nesta pedra,
Ela desconhece minha presença.
Constroi-se somente em minha ausência
E ignora a vontade que lhe estendo.

É falso pois lhe dou o que não pede,
Sede impingida pelo orvalho.
Cruel a face que se força cega
Ao espelho que era outrora apenas água.