domingo, 13 de novembro de 2011

Expurgo

Expurgo

Corroídas por longas e longas eras esquecidas,
Imersas em meio ao solitário mar da relva,
Jazem, coradas por louros de ouro enferrujado,
Ruínas e ruínas de mármore imemorável.
Escombros entrelaçados por veias ressecadas
De hera rastejante, de fruto envenenado. O sibilar
Mesmérico do vento trespassava rocha e era
E hera e sombra. E as sombras eram
Não mais que meras lembranças que se perderam
Naquele labirinto longe do tempo

E daquele céu cinza, sem sol, descia
Uma sombra sobre a imensidão vazia
Vinda de longínquos tempos, perdida:
Sombra da sombra daquela glória caída.
Sobre morte e vida se estendia,
Uma torre negra e incorpórea (memória
Da melancólica queda) que abraçava,
Com lúgubre alegria, seu passado desfigurado,
Contorcido e corrompido, sua alvura manchada.
E em seu topo, uma turva figura
Contemplava a vastidão do mar à sua frente.
O que viu? O que via?
Velas no horizonte que partiam.
De onde vieram? Para onde iam?
Nada sabia, nada sabia.
Apenas sonhava, apenas dormia.
E em seu sonho ansiava retornar,
Mas não mais podia.
Além do que fora, além da ruína,
Nada havia, nada havia.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Leaves

Leaves

I see the yellow leaves depart by now.
Above the highest branches they swing an fly
So softly and swiftly through a trembling trot.
Why?

Why does the ravenous winter devour all?
All the remaining beauty of spring time
And summer shine. The green grass
Turned into a white present of a forgotten past
A memory of lost memories,
A memory of lasting sighs.

Why do I still stand upon this land
Where there is nothing more for me?
I`ll go now.

But wait! What I see?
Is there another leaf upon that tree?
A lonely sign of youth's demise.
Let me stand and contemplate.
Before the sadder days and winter grieves,
Before this last remaining leaf of mine
Leave.

domingo, 25 de setembro de 2011

The Old Man

The Old Man

I see him on his chair
Under the sun, the same sun
That for countless ages gone
Had shone and have shone
On the mariner's stare

Leaned back on his chair
Fixed eyes, gazing eyes
Lost in a sea of sighs
Sorrows that his soul defies
Remembrances that his years bear

Reclined on his chair
Enclosed by walls, stone walls
Whose past strength now falls
For the ocean now recalls
And balm floats in the air

Resting quietly on his chair
Leaning back, looking back
At the ruins, at the wrack
Before the day turn black
I see him on his chair

sábado, 27 de agosto de 2011

Elroy


Elroy

I am the unthinkable
The surly child of night
Of the hating unstoppable
The darkness, the devil’s might

Lonely, above the city, so cold
No haste, no fury, just watching
Between death and life, threshold
Don’t know if alive, just breathing

I’m the immortal sense of rooting
The agonized soul sizzling
If sudden, quietly stopping
I’m the death blinking

Below, the tortured people worship
If cruel or just fair, I don’t care!
I’m just waiting the smile they skip
Just waiting the ask that I dare

While the sad musician, alone
Deeply plays his sorrow
Gloomily paints, creates my clone
Just waiting for the morrow

Yore was a smiling artist
Now, looks like a sad phantom
The lore, the prize of sadist
Get him mad, in a way too random

Just like says the poet, he shall rest
Might dance, might have some joy
Stopping feeling this deepest
He, who the demons name Elroy

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Eu escrevo no ato puro de pensar


Eu escrevo no ato puro de pensar
No fim do dia, no choro da noite
Sobre o amor, a dor, o açoite
Eu escrevo, no puro ato de chorar

Eu digo do que sinto, ou deixo
Rio do brilho são da loucura
Beijo o pudor desta carne impura
Nem sempre com nexo ou eixo

Eu deixo que o riso cante livre
Pego-me deitado ao sol poente
Se é fantasia, ou real que sente
Que seja um falso poeta e grite!

Se paro, se morro, junto do leito
Se mordo, se machuco, um suspiro
Se arranco, arranho, roubo um gemido
Faço tudo o que faço e o que é feito

Não sei amar senão como criança
Perdidos na memória, os alívios
De sentar-se e ouvir os colírios
Não sei amar, senão amar esperança

Sou um filho da Lua, divina
Uma faixa de esperança brilhante
Estampada na noite sombria, penetrante
Fogo de minha poesia, alvina

Sou hoje, nunca e sempre no tempo
Quero o fogo das nuvens e do vento
Quero algo e nenhum sentimento
Quero riso, azedo e  lamento

Se o sonho de mim não mais emana
Ainda viverei a cantar sua ausência
Se não na riqueza, vou na carência
De manter meu ser essa viva chama

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O Pássaro e a Árvore

Poema feito aos pensamentos da minha nova inspiração.


O Pássaro e a Árvore

Alto no céu, é onde o pássaro voa
Sobre as árvores, caladas no seu saber
E o pássaro amam, e o canto ecoa
E o pássaro passa, elas,a voar querer

O pássaro passa, leve no vento
A árvore beija, o vento que sopra
O vento carrega, esse sentimento
Se pinta um quadro, a mais bela obra

Pois é belo, o perfume que nasce do chorar
Mesmo na dúvida, que perdura e sustenta
Para aquele pássaro, a árvore vai adorar
Nesse baile do vento em música quente e lenta

Se ao acaso o pássaro deixa seu bailar
A árvore ainda ouve o canto do vento
E se não a todo instante dele lembrar
Fará de cada lembrança, valoroso momento



Intensity


I’m here, just thinking
About your shining smile
Just quiet, just pretending
A love, without sun or title

And who has spoken more than me
About fields, flowers and thee?
Beauties that my eyes can see
The beauty you are, just be

Thy name, so graceful
I portrait, silly in mind
Seeing your heart, not a tool
Thy name, so lovely, so kind

Oh! How I want to kiss thy mouth
How pure I want to call thy name
Doesn’t matter is it’s north or south
I will bring, will sing the same

If are thy words, so intense
Intense sensation, touching thy skin
Call it less than perfect, what an offense!
But just love you, no pity, no mean

You want to love through the sky
I’m sure is what you require
Want to feel the flame, fell you can fly
A pure love of mine, is what you desire


terça-feira, 12 de julho de 2011

Ecos

Ecos

Posicionou o papel e a caneta de maneira agradável sobre a mesa, ajeitou-se de maneira que as idéias fluíssem melhor, bebeu um gole de sua bebida. Pensou, pensou, pensou, ponderando palavra por palavra que se formava sem agarrar-se a nenhuma. Levantou-se, foi em direção à janela e abriu a cortina para que a luz iluminasse seus pensamentos. Estava nublado.

Olhou em volta, para sua prateleira, seus livros. Folhear algum em busca de inspiração? “Um leão que copia um leão se torna uma macaco”. Uma gota de tinta é suficiente para começar um quadro. Uma palavra, apenas uma palavra...

Parou. Maravilhado pelo pensamente que lhe ocorrerra. Sim, era isso que procurava. Sem perda de tempo tomou a caneta em mãos, posicionou o papel, curvou sua cabeça e pôs-se a escrever as palavras que lhe surgiam:

Posicionou o papel e a caneta de maneira agradável sobre a mesa

Genial! De todas as linhas escritas que lhe rodeavam não se recordava de ter visto semelhante entre elas. Mas o que significavam? Digo, aonde levariam? Talvez não significassem, não no momento, pelo menos, mas ao menos era um começo. Então o que? “Então” certamente seria uma ótima palavra para ser posta subseqüentemente, demonstrava que ele possuía total certeza do que quer que ele viesse a por depois dela. Fato é que não tinha, então abandonou a idéia.

Idéia. Talvez ele pudesse trabalhar com a idéia da “idéia”, isso seria uma boa idéia, talvez como ela era produzida ou como a melhor maneira de produzi-la.

ajeitou-se de maneira que as idéias fluíssem melhor

Alegrou-se novamente pelo que havia produzido. Que maneira agradável, como teria descrito seu personagem, de começar um texto. Sentiu sede, levantou-se e foi buscar algo para beber. Talvez devesse escrever sobre isso, acrescentar mais naturalidade ao seu personagem, e por que não emprestar suas próprias ações a ele? Afinal, a arte imita a vida.

Ações, ele precisava de ações! Pôs-se a descrever o que seu personagem fazia seus pensamentos e o ambiente ao seu redor. O que ele fazia? Escrevia, naturalmente, era o ele estava fazendo desde o princípio. Mas escrevia sobre o que? Ainda não havia decidido, não sabia se seria importante, mas talvez fosse bom ao menos escrever uma linha, apenas para aguçar o leitor. Talvez seu protagonista escrevesse um conto? Algo a ser ponderado. Aproveitou e transferiu suas dúvidas ao seu personagem acompanhadas de uma metáfora de autoria própria para demonstrar suas capacidades criativas como um escritor genuinamente original.

Sim, ele escrevia um conto, e o que escrevia naquele exato momento era:

Posicionou o papel e a caneta de maneira agradável sobre a mesa

Espere! Aquilo não era original! Ele mesmo havia escrito aquelas exatas palavras três parágrafos acima. Ou será que seu personagem havia escrito primeiro e era ele que apenas o estava copiando, afinal, a vida imita a arte.

Não! Estava divagando, precisava se concentrar no seu trabalho. Chegou à conclusão de que deixaria daquela maneira mesmo, as pessoas irão rir da estranheza que essa passagem provocará, genial!

Parou por um instante, assustado por seus pensamentos. Sentia uma estranheza ao pensar, como se o que pensasse já tivesse sido pensado por outra pessoa, ou pior, que seus pensamentos não passassem de uma mera personificação de suas próprias ações. O que seu personagem escrevia ele tinha certeza de que ele mesmo havia escrito, mas o que ele havia escrito não seria apenas uma copia do que ele havia feito?

“Talvez alguém esteja escrevendo sobre meus pensamentos”, pensou. Começou a gargalhar nervosamente pela absurdez e o estranhamento que aquele pensamento lhe provocara. Mesmo assim, não conseguia voltar a escrever, se sentia sufocado, preso dentro de um círculo que ele mesmo havia criado. Como ele poderia viver novamente o que ele já havia vivido? Isso era absurdo, nem ao menos fazia sentido!

Ele precisava de uma palavra, apenas uma palavra, e toda aquela angústia iria embora...

Levantou-se e foi embora.

Sorriu aliviado ao contemplar o que havia escrito, finalmente quebrara aquele círculo vicioso que se alimentava de si mesmo. Mas, por outro lado, sua estória parava ali, ele não sabia por que havia escrito aquilo, escreveu por mero desespero. Nem ao menos fazia sentido! Um fragmento solto em uma estória inacabada. Talvez ele devesse apagar esta última linha e reescrevê-la. Mas ele ainda sentia que tudo o que havia escrito era apenas uma cópia de si mesmo. Talvez ele devesse apagar tudo e escrever algo novo. Algo novo? Como ele saberia que seria algo novo? Como ele saberia que a estória de sua estória não seria apenas a história de sua história? Não é a história apenas a própria história repetida? Ou uma estória repetida?

Não chegando à conclusão nenhuma e se perdendo em pensamentos desconexos, tomou a única decisão que conseguiu conceber: levantou-se e foi embora.