sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Eu escrevo no ato puro de pensar


Eu escrevo no ato puro de pensar
No fim do dia, no choro da noite
Sobre o amor, a dor, o açoite
Eu escrevo, no puro ato de chorar

Eu digo do que sinto, ou deixo
Rio do brilho são da loucura
Beijo o pudor desta carne impura
Nem sempre com nexo ou eixo

Eu deixo que o riso cante livre
Pego-me deitado ao sol poente
Se é fantasia, ou real que sente
Que seja um falso poeta e grite!

Se paro, se morro, junto do leito
Se mordo, se machuco, um suspiro
Se arranco, arranho, roubo um gemido
Faço tudo o que faço e o que é feito

Não sei amar senão como criança
Perdidos na memória, os alívios
De sentar-se e ouvir os colírios
Não sei amar, senão amar esperança

Sou um filho da Lua, divina
Uma faixa de esperança brilhante
Estampada na noite sombria, penetrante
Fogo de minha poesia, alvina

Sou hoje, nunca e sempre no tempo
Quero o fogo das nuvens e do vento
Quero algo e nenhum sentimento
Quero riso, azedo e  lamento

Se o sonho de mim não mais emana
Ainda viverei a cantar sua ausência
Se não na riqueza, vou na carência
De manter meu ser essa viva chama

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