domingo, 24 de março de 2013

Perverso

Perversidade é a arte de versar,
E é o maior prazer para o perverso
Tornar o mundo todo seu inverso
E esconder em seus versos cada par.

Cada verso é um pecado singular:
É o vero de sinuosa via emerso;
É a vaidade de todo um universo;
É o vento em seu enlevo de assomar.

Seu reverso é a arte do poeta;
Seu converso é a arte do profeta:
Sabendo ao mundo sendo solitário.

Sua essência é a ausencia de seu ser:
Almejar à alma que almeja nascer
É ser completamente seu contrário.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Finnegans Wake

Tradução da primeira página (página 3, na verdade) de Finnegans Wake, último "romance" do escritor irlandês James Joyce, tida como a obra mais incompreensível da literatura mundial.

   "riocurso, passado  Eva e Adawn, da curvatura da costa à borda da baía, trás-nos port um vícius comodo de recirculação de volga a Howth, o Castelo e Envoltórios.
    Sir Tristram, violator d’amores, evindalém do curto mar, hadia passangora rechegado da Armorica do Norte nesse lado do peschoso ístimo da Europa Menor para reilutar sua penisolada guerra: nem hadia rochas de tãopessoar pela corrente do Óconee exagerado a sinh mesmas para os gargiosos do Cundado de Laurens enquanto elas iam doblindo seu mumpero todo o tempo: nem mavoz longígnea subrou mishe mishe a tauftauf tuéspeatrick: não ainda, apesar de cerdo apphós, hadia um cabralha traiceirado um velho ceigo isaque: não ainda, apesar de turdo ser justo in vanessia, eram irmãs sósies terriveumente irothas com geumois nathandjoe. Uma pipa estrouge do malte do pai tivesse Jhem ou Shen brumentado sobre a arcoluz e rubriende ao arkho-osísis seria visto anelante sobre a aquaface.
  A queda (bababadalgharaghtakamminarronnkonnbronntonnerronntuonnth-
unntrovarrhounawnskawntoohoohoordenenthurnuk!) dum autrorua muro mansião compainheiro é recondada cedo na cama e mais tarde na vida através de todo o cancioneiro cristão. A grande queda domuralho gerou em tão curto prazo a quidram de Finnegan, que era-se um homem solido, cujo humpetocabeço de símeosmo pruntamente um unquerito ao oeste manda em demanda ao seus tumbtytumtões: e seu cimatornapiquepontoespaço está nocouteiro no parque onde laranjas foram colocadas para jazer sobre a gramo deusdes que diablens primeiro amaram livvy."

sábado, 16 de março de 2013

Cotidiano



Houve um tempo de glória, bem me lembro.
Bem distante no tempo, se bem me lembro.
Como ruí tão depressa, eu não lembro.
Dias aqueles de tardes de setembro.


Eram retumbantes os gritos do amanhecer,
Curtos e precisos, meus olhos iam acompanhar.
Banquetes de ironias, overdose satírica, gargalhar,
Razões para jogar a voz fora e depois esquecer.


Não eram dias de luta, eram dias de provocar,
E se saísse do tom, pouco importava, achava eu,
“Só parar para tentar, o Sol de novo vai voltar”.
Eles riam todos, mas eu sabia o que era meu.



E o que permitiu esse gozo sair de mim?
Terá sido uma piada sem graça de Deus?
Terá sido natural os tais pesadelos meus?
Poderei esperar que como noite, terá fim?


Terá um fim, eu sei e será muito breve.
Cansei de esperar que enfim caia neve
Nessa fornalha de tragédias, podridão,
E dor, parado sozinho aqui neste porão.


Tão simples quanto rápido, serei breve.
Antes que a sinfonia de vez se encerre.
Um puxão e o Sol voltará, quero que quebre
Esse crepúsculo, vou gritar e me sentir leve.

domingo, 3 de março de 2013

Amanhã


- Olha como o céu tá bonito hoje. Preto com vermelho.

Sentou-se na grama e sentiu a brisa,
Lembrou-se de ontem, que triste.
O vórtice dos olhos se vê vazio de novo,
A mente assovia, não mais existe.

Som do vento, som de vento, vem cá.
Vem brincar comigo, doce querido,
Tá tudo tão alegre, tão bonito,
Como se nada tivesse existido

Ele não quer mais ficar aqui,
Ele quer se desprender do chão.
Querida árvore, me ajude,
Só dessa vez me estenda a mão.

Som do vento, som do vento, adeus.
Vou ficando calado, só com teu sussurro,
Tá tudo tão errado, tão estranho,
Devagarinho ficando mais, mais escuro.

-É. Hoje  o céu tá bonito. Queria poder vê-lo amanhã