sábado, 16 de março de 2013

Cotidiano



Houve um tempo de glória, bem me lembro.
Bem distante no tempo, se bem me lembro.
Como ruí tão depressa, eu não lembro.
Dias aqueles de tardes de setembro.


Eram retumbantes os gritos do amanhecer,
Curtos e precisos, meus olhos iam acompanhar.
Banquetes de ironias, overdose satírica, gargalhar,
Razões para jogar a voz fora e depois esquecer.


Não eram dias de luta, eram dias de provocar,
E se saísse do tom, pouco importava, achava eu,
“Só parar para tentar, o Sol de novo vai voltar”.
Eles riam todos, mas eu sabia o que era meu.



E o que permitiu esse gozo sair de mim?
Terá sido uma piada sem graça de Deus?
Terá sido natural os tais pesadelos meus?
Poderei esperar que como noite, terá fim?


Terá um fim, eu sei e será muito breve.
Cansei de esperar que enfim caia neve
Nessa fornalha de tragédias, podridão,
E dor, parado sozinho aqui neste porão.


Tão simples quanto rápido, serei breve.
Antes que a sinfonia de vez se encerre.
Um puxão e o Sol voltará, quero que quebre
Esse crepúsculo, vou gritar e me sentir leve.

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