sexta-feira, 23 de março de 2012

Imortalidade


 Imortalidade

E dolorosamente, sinto o fino pó correr entre meus dedos
E desesperadamente apenas observo, envolto em medos
Imóvel, impotente – prepotente estátua de areia
Não de rocha, eterna, mas frágil e passageira

Ergo-me solitário em uma terra devastada
Pelo vento incessante que em sussurros mudos brada
Os desígnios desconhecidos do céu e do mar
Distantes que a ninguém é permitido tocar

Quisera eu meu espírito de pedra fosse feito
E a brisa suave não rasgasse meu peito
Mas a rocha é destinada a deuses e estórias
Sem fim, sem formas – imponentes memórias

Sei que quando me for soprado este último grão
Tudo que fui estará esquecido, espalhado ao chão
Sei que temo que tornarei a ser jamais
Pois temo saber que o que agora existe
Não existe mais

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