domingo, 6 de fevereiro de 2011

Luzes e Música

Perdido no vazio da minha voz, deitado, eu observava o interior de meus olhos. Já era noite, ao menos eu achava, e a lua já tentava bisbilhotar os escombros dos meus recantos.
                Um suspiro. Estava começando a pensar novamente, e não sabia bem que tempo era o tempo de minha mente, ou mesmo o tempo de meus olhos. Haviam figuras, luzes e janelas, todas circulando, dançando, vibrando. Eu vi anjos, demônios e pássaros se abraçando, voando e rindo do meu nome, de mim a quem chamaram: recanto.
                No meu perdido santuário, cheirando a suor e sangue quente, as ondas da poeira jogada no bater das asas, cobriam as paredes e qualquer pedregulho. Qualquer sobra de existência.
                Eu vi de novo. Os anjos e os demônios, mas até que ponto sabemos a diferença entre um anjo e um demônio? Eu ouvi os suspiros, os gritos, os acordes. Lembrei da loucura e do tempo, sanidade e vida. Eu era hoje, nunca e sempre.
                Todas aquelas músicas, todos aqueles mestres de padecer e reviver. Uma orquestra particular em meu próprio santuário, o qual não me atrevi de chamar outro nome, enquanto a chuva gritava em meus ouvidos. Era de noite, ao menos eu acho, mesmo que a lua não fosse a mesma lua, e a chuva, não a mesma que outrora fez-me lembrar da vitória.
                As paredes, castigadas. Castigadas de unhas, gritos e trovões. O chão, ainda macio e confortante como plumas jovens. Meu santuário, que deu-me o meu nome, ainda cheirando do mesmo jeito, ainda cantando do mesmo jeito, mesmo que diferente.
                Lembrei de cavaleiros majestosos e sem nobreza. Lembrei das pérolas, que de tão jovens, ainda estavam sujas de lodo. Lembrei de tempos onde a dor era outra, o riso era outro, o ódio, a agonia, tudo igual, e totalmente diferente.
                Lembrei de quando me disse o meu nome, esse nome que mudou tanto, e que ainda carrego firme comigo. Revivi minhas falsas verdades, meus poucos sonhos, e minhas muitas fantasias. Reanimei amores e ódios, os quais ainda não sei definir. Eu era hoje, nunca e sempre.
                Preso, neste santuário que me convidou a dançar eternamente, e me vi no calento das minhas plumas, eu me perdi no vazio do tempo, espaço e pensamento. Com os braços já fadigados, cobertos do sangue quente que amortecia meus sentidos, voltei a repousar.
                Os olhos se fecham, a mente se apaga.

7 comentários:

  1. epic
    muito bom
    contos sao o seu forte rapaz^^
    gostei muito massa eu diria
    XD

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  2. Gostei do conto é subjetivo e imagético. Bye.

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  3. uauuuuuu! gostei muito
    me encontrei nesse seu labirinto de imagens e sentidos.

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  4. Falou tudo Jacilene, concordo com você.Tchau!!!!!!!!!

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Os olhos se fecham, a mente se apaga.

    amei isso *--*

    gosto do que escreve !

    :$

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